Sob a temática “Organização dos trabalhadores e trabalhadoras na defesa da Educação Pública”, a poetisa, filósofa, psicóloga e psicanalista Viviane Mosé deu início ao segundo dia do XII Congresso Estadual do Sinte/SC.
Especialista em elaboração e implementação de políticas públicas, Viviane propôs ao público uma análise da civilização, falando sobre a transformação dos meios, a exaustão que isso provoca e apontando soluções para situações atuais. “A gente vive num caos entre um desabamento e um nascimento, então o objetivo por ser sindicato, por ser um trabalho voltado a uma luta que é importantíssima, é demonstrar para as pessoas como se constitui esse novo mundo, pra que elas possam construir estratégias de luta mais eficientes”, explica.
Sob a ótica da transformação, Viviane abordou temas como trabalho virtual e a sua relação com a licença maternidade e paternidade, além de falar sobre a jornada de trabalho de quatro dias na semana.
Ela defende que o trabalho remoto pode ser uma ferramenta para aumentar a licença concedida a mães e pais em todo o país. Cita, por exemplo, que com esta ferramenta é possível estender tais licenças para até dois anos, realizando um revezamento nos períodos em que o pai ou a mãe estarão em casa com os filhos.
“O pai pode estar em casa com a mãe na licença maternidade, em trabalho remoto, a mãe fica o tempo dela, aqueles primeiros meses, com o pai ao lado dela, em trabalho remoto. A gente precisa fornecer condições pra que essa família produza saúde psíquica, a gente não pode cobrar da mãe as crianças estarem com tantas dificuldades, nem do pai, a gente tem que cobrar da sociedade, que obriga essa mãe a ficar estressada, sobrecarregada, a gente tem que lidar com uma nova relação de licença maternidade e paternidade em trabalho remoto, essa é uma nova questão que tem que ser trazida pelo sindicato”, comenta.
JORNADA DE TRABALHO | A redução da jornada de trabalho para quatro dias por semana é outro ponto defendido por Viviane. Ela destaca que há estudos que ligam a redução da jornada de trabalho ao aumento da produtividade dos trabalhadores, crescimento no lucro das empresas e redução da emissão de poluentes no meio ambiente – este último devido a diminuição de carros trafegando nas ruas, o que acarreta, ainda, em melhora no trânsito local.
“Ainda trabalhamos num sistema industrial, mas somos uma sociedade que não é mais industrial. Trabalhar quatro dias é mais do que suficiente, aumenta a produtividade e os casos de burnout e doenças psíquicas despencam. Um dia vamos olhar para trás e vamos rir da época em que a gente trabalhava todo dia, 8 horas por dia. Ninguém nasceu pra trabalhar tanto.”
A palestrante também destacou a importância da organização sindical nestes processos. “É essencial motivar os professores, mesmo os que ainda não participam, a participar para fortalecer as lideranças. Nós temos algumas lutas e as pessoas não têm muita clareza disso, mas precisam ter conhecimento para contribuir na luta”, completa.
O início da manhã começou com a apresentação cultural “Eu tenho um sonho” dos estudantes do 1º e 2º ano da EEB Manoel Dutra Bessa, que trouxeram a diversidade cultural da América Latina.