Não existem dados contundentes nos Estados brasileiros sobre a violência sofrida por professoras e professores dentro das unidades escolares. Em SC não é diferente, não há estatísticas oficiais, contudo, esse tipo de conflito ocorre mais do que se imagina, afirmam os educadores, e raramente ultrapassa os muros das escolas. Uma violência invisível, que não conseguimos mensurar de forma concreta, apenas quando ocorrem denúncias mais graves, e geralmente, nesses casos, alcança o nível de agressões físicas, com consequências psicológicas irreparáveis, que levam docentes a doenças da mente, o que implica no seu afastamento da sala de aula.
Uma pesquisa global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas. Na enquete da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 12,5% dos professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana.
O SINTE/SC recebeu denúncia de violência contra docentes no Instituto Estadual de Educação – IEE, em Florianópolis, são casos de agressões físicas, espancamentos dentro da escola, ameaças a vida, agressões por racismo, entre outros tipos de agressões que os professores do IEE já sofrem desde o início de 2018. São professores de Matemática, Artes, História, Geografia, Português, Ciências, quase todos do Ensino Fundamental, mas alguns relatos do Ensino Médio, e que estão sendo agredidos de diversas formas e a situação se agrava a cada dia sem que nada aconteça para a maior proteção e resguardo destes educadores.
De acordo com os trabalhadores, a direção e a Coordenação Pedagógica da escola estão completamente omissos nestes casos relatados e registrados pelos professores do IEE, tentando passar para sociedade que a situação no IEE está “normal”, e que o problema é causado pelos professores que não se adequam a situação de violência geral do pais.
“Já foram registrados dois BOs em Florianópolis por professores que foram agredidos covardemente por alunos dentro da escola, com socos, chutes nas pernas e braços, empurrões, ameaças a vida, e outros professores estão sendo coagidos pela Direção a não registrar as agressões para manter a “boa imagem” do IEE”, relata um professor.
A pesquisadora Rosemeyre de Oliveira, da PUC-SP, atribui a violência nas escolas à impunidade dos estudantes. “O aluno que agride o professor sabe que vai ser aprovado. Pode ser transferido de colégio – às vezes é apenas suspenso por oito dias”, diz. “Os regimentos escolares não costumam sequer prever esse tipo de crime. Aí, quando ele ocorre, nada acontece.”
Para as vítimas, no entanto, as consequências costumam ser severas. Rosemeyre investiga o trabalho dos professores readaptados – aqueles que foram afastados da sala de aula e reinseridos em outra atividade escolar, como na secretaria ou na biblioteca. “A maior parte precisa deixar de atuar nas classes porque tem estresse pós-traumático. Há docentes que foram baleados por alunos, agredidos ou ameaçados”, explica.
O SINTE foi até o Instituto e conversou com os professores e solicitará audiência ao NEPRE Núcleo de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às violências nas Escolas da SED, e continuará as discussões e o acompanhamento com o grupo de professores do IEE para encaminhar ações que contribuam no debate sobre o tema.