Verificação do Sinte-SC revela que não houve melhora global dos indicadores educacionais nas unidades onde o modelo cívico-militar foi adotado em Santa Catarina
Ao contrário do que afirmou a Secretaria de Estado da Educação (SED) em reportagem publicada pelo portal estadual Notícias do Dia, não houve melhora global dos indicadores educacionais nas unidades onde o modelo cívico-militar foi adotado em Santa Catarina.
Após uma verificação detalhada, o Sinte-SC revela que, das nove escolas cívico-militares existentes, menos da metade apresentou médias de aprovação, reprovação e abandono superiores às outras escolas estaduais de seus respectivos municípios e à média estadual. Quatro dessas escolas, inclusive, tiveram desempenhos piores, e uma quinta apresentou resultados praticamente iguais. Em outras quatro os resultados estão acima das médias comparadas.
Os dados são os mais recentes disponíveis, de 2022, e foram obtidos no portal Educação na Palma da Mão, mantido pela Secretaria de Estado da Educação.
Pior em tudo
Um exemplo é a escola cívico-militar de Chapecó, que registrou menos aprovações, mais reprovações e mais casos de abandono, tanto nos Anos Finais quanto no Ensino Médio. Além disso, essa escola ocupa uma posição baixa em relação às demais da rede no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do município.
Investimento dobrado
O Sinte-SC também questiona a afirmação do secretário de que o impacto financeiro do modelo cívico-militar "não é significativo para as contas do estado". Contrariando essa declaração, o sindicato aponta que, no ano passado, houve um aumento médio de R$ 5.713 por aluno nas escolas cívico-militares, representando mais que o dobro do valor aluno-ano do Fundeb (R$ 5.315) aplicado nas demais escolas. Os valores obtidos no Portal da Transparência SC apontam despesas de R$ 28,5 milhões na ação “Gestão dos Colégios Militares”, que atualmente atendem cerca de 5 mil alunos.
O sindicato desafia o secretário a estender esse nível de investimento a todos os alunos da rede pública estadual e a valorizar os professores com um plano de carreira equivalente ao dos militares, pois isso sim poderá levar a uma melhoria real nos resultados educacionais”, declara o coordenador estadual, Evandro Accadrolli.
O Sinte-SC critica ainda os planos de expansão do modelo informados à reportagem. A previsão de apenas uma nova escola cívico-militar em 2024 e a ausência de planos concretos para 2025 e 2026 evidenciam a natureza “vazia” do decreto emitido no final do ano passado. “Essa medida parece mais um gesto para agradar setores que desconhecem a complexidade da educação e acreditam que autoritarismo pode substituir investimentos públicos adequados”, finaliza Evandro.