Magistério cobra reajuste do vale-alimentação

Benefício concedido aos trabalhadores da Educação é vergonhoso: há 11 anos benefício está congelado em apenas R$ 12 por dia – o menor do funcionalismo público catarinense. Mas a situação fica ainda pior: este valor só é pago só para quem trabalha 40 horas semanais, ou seja, quem tem carga horária menor, recebe ainda menos.

O vale-alimentação é uma quantia extra, paga mensalmente aos trabalhadores, para que possam comprar alimentos – seja ingredientes ou insumos – em estabelecimentos como supermercados, sacolões, açougues e padarias, dentre outros. Diane do achatamento salarial da última década, o vale tem figurado como um importante complemento na renda das famílias dos trabalhadores da Educação catarinenses.

O benefício não é de pagamento obrigatório, contudo, o magistério conquistou este direito no ano de 2000, após 66 dias de paralisação, a maior greve da categoria. A partir de janeiro de 2001, todo trabalhador com carga horária de 40 horas semanais passou a ter direito de receber R$ 6 por dia trabalhado, totalizando R$ 132 por mês. Nessa época, o salário mínimo no Brasil era de R$ 180 e a cesta básica em Florianópolis custava R$ 103,71, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A conquista foi emblemática, mas a categoria passou 11 anos sem ter reajuste no benefício. Foi somente após a greve de 2011 que o magistério conseguiu receber um aumento no vale-alimentação, passando de R$ 6 por dia, para R$ 10 – pagos a partir de janeiro de 2012 – e para R$ 12 – pagos a partir de julho daquele ano, totalizando R$ 264 ao mês. À época, o salário mínimo era de R$ 622 e a cesta básica custava R$ 260,12.

Nesta semana completa outros 11 anos que o vale-alimentação do magistério continua congelado em apenas R$ 12. Em pouco mais de uma década, o salário mínimo dobrou, passando para cerca de R$ 1320, mas o valor da cesta básica teve um crescimento de quase três vezes, subindo para R$ 765,13.

Diante do achatamento salarial e do congelamento do vale-alimentação, o economista do Dieese, Maurício Mulinari, estima que o impacto no cotidiano dos trabalhadores da educação é grande. “Atualmente, o vale não cobre o valor da cesta básica, que consome, ainda, uma parcela significativa do salário, também depreciado, porque há anos que o salário não avança na mesma medida que a inflação”, avalia.

Mulinari destaca que, com um vale-alimentação tão defasado, o salário acaba sendo comprometido para custear as necessidades básicas de alimentação. “Cada vez mais o salário vai sendo corroído para pagar as despesas mais básicas com alimentação, que são despesas que não podem ser contornadas porque é impossível deixar de consumir alimentos. Gastar boa parte do salário apenas com alimentação, compromete o consumo de outras mercadorias que poderiam dinamizar a economia, como eletrodomésticos, automóveis, casa própria, dentre outras coisas. Tudo isso vai ficando de lado em nome do consumo mais básico”, completa.

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