Autoridades, do ultimo governo, sabiam da situação e não agiram para conter a crise, afirma procurador.
Nas últimas semanas nos deparamos com as notícias sobre a crise humanitária na aldeia indígena dos Yanomami, no estado de Roraima. Crianças, adultos e idosos desnutridos e centenas de indígenas doentes por conta da malária. A situação se agravou desde 2016, quando o garimpo ilegal voltou com força a atuar nas terras indígenas, dentro da floresta amazonica.
Conforme relato da jornalista Sônia Bridi para o Fantástico, os povos indígenas foram proibidos de pescar, por medo de comer peixes contaminados por mercúrio, e assim a fome começou a se instaurar. O rio que cercava a aldeia já não corre mais, o garimpo tomou conta da floresta. Em alguns espaços, ele está colado às aldeias indígenas. Garimpeiros atearam fogo em espaços de cuidados de saúde aos povos indígenas, e diariamente ameaçam os Yanomamis e os profissionais da saúde e humanitários que atuam no combate à crise.
Mais de mil indígenas estão em estado grave. No último mês, 96 crianças foram internadas, a maioria por desnutrição. As imagens que foram divulgadas assustaram milhares de brasileiros, que fizeram o governo brasileiro viajar até Roraima, para ver e atuar de frente no combate à fome e ao desmatamento nas terras indígenas dos Yanomamis.
Responsabilidade
Conforme relato em documento assinado por Alisson Marugal, procurador da república do Estado de Roraima, o mesmo afirma que autoridades responsáveis pela atuação nas terras indígenas, do último governo, tinham conhecimento da situação dos Yanomamis, e não agiram para evitar a crise. “Relatórios, audiências, reuniões e informações prestadas nas diversas ações e procedimentos em trâmite nesta Procuradoria da República confere robustas evidências de que as autoridades com dever de agir tinham pleno conhecimento da sistemática e generalizada violações de direitos ocorridas no território Yanomami”, destacou o procurador.
Ainda segundo Marugal, a crise foi agravada pois as autoridades deixaram de agir preventivamente, não planejaram ações de repressão a invasores do território indígena e estimularam as atividades ilegais “por meio de declarações públicas favoráveis à mineração em terra indígena e através de legislações que, na prática, empoderaram organizações criminosas e enfraqueceram a capacidade estatal de fiscalização”.
O Sinte/SC, se solidariza com os povos originários da terra indígena Yanomami e cobra do governo federal atuação rápida e efetiva para responsabilizar os culpados pela crise. É preciso acabar com o garimpo ilegal e com o desmatamento para que o povos indígenas possam viver nas suas terras, pescar, plantar e cuidar da floresta.
Matéria: Ana Laura Baldo