A primeira semana do ano letivo do magistério catarinense começou e o descaso do governo Jorginho Mello com a educação pública foi o destaque do início das aulas. Dois anos consecutivos marcados pela ausência de valorização efetiva dos trabalhadores da educação, corte de investimentos em obras e instalações e uma gestão da Secretaria da Educação – SED que se notabiliza por tumultuar o dia a dia das escolas, provocaram um festival de problemas no início de 2025.
As aulas estão em pleno curso e ainda não temos um quadro completo de professores por conta da demora na contratação de ACTs. Ao invés de melhorar as condições das escolas, a SED ataca a educação especial, insiste em promover retrocessos à autonomia dos professores no exercício do ⅓ de hora-atividade, decide por não contratar profissionais de laboratório e não permite que professores efetivos atuem em outras funções para as quais estão habilitados. Ao contrário de valorizar os trabalhadores, a Secretaria sinaliza que quer retirar a unidocência, faz da ameaça da demissão uma política de controle da categoria e insiste em perseguir politicamente os professores.
No que tange a situação salarial da categoria, a greve de 2024 e a luta do Sinte garantiram o reajuste salarial para parcela da categoria, a revisão do valor do vale-alimentação e a realização de concurso público. Entretanto, essa medida arrancada na marra não foi capaz de repor as perdas inflacionárias desde o final de 2021, que já alcançam o patamar de 18% para parte considerável dos trabalhadores em educação, isso em uma carreira que permanece compactada e sem estímulo à permanência e qualificação.
Já em relação ao concurso público, a chamada de apenas 3 mil professores efetivos aprovados é muito inferior à promessa do governador, que apontava para 10 mil novos trabalhadores efetivos em educação. Com isso, o estado continuará muito longe da meta do Plano Nacional de Educação (PNE) 2024-2034, que estabelece que pelo menos 70% dos professores da rede pública sejam concursados.
Não bastasse o descaso pedagógico da SED e a falta de uma política de valorização do governo, a forte onda de calor da primeira semana de aulas demonstrou a precariedade da estrutura das escolas da rede pública catarinense. Segundo o censo escolar do Ministério da Educação, o percentual de salas de aula com ar-condicionado na rede estadual de Santa Catarina é de apenas 36%, ocupando a 9ª pior posição no ranking nacional de climatização das escolas.
Esse é o resultado de dois anos consecutivos de corte de investimentos na educação pública catarinense. Em 2024, a SED deixou de investir R$ 434 milhões do orçamento previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA), já em 2025, o corte foi de R$ 628 milhões do que era previsto em lei. Com isso, mais de R$ 1 bilhão deveriam ter sido aplicados em educação pública nos últimos dois anos, dinheiro que poderia ter valorizado os trabalhadores da educação e melhorado a estrutura das escolas.
O Sinte tem atuado cotidianamente para reverter as medidas equivocadas da SED, obtendo sucesso em várias iniciativas. O sindicato também lançou sua campanha salarial de 2025, que tem como centro o reajuste salarial linear de 23% para todos os trabalhadores – efetivos, ACTs e aposentados, a utilização de 100% dos recursos do FUNDEB para descompactação da tabela salarial, a elevação do vale-alimentação para R$ 800,00, a revogação do desconto de 14% sobre os aposentados e as melhorias no SC Saúde.