Governo do Estado segue atacando a educação do campo, depois da vitória da reversão do fechamento das Escolas Familiares Rurais, fruto da mobilização da comunidade escolar, do Sinte e de parlamentares que defendem à educação, agora escolas de campo da regional de Xanxerê estão sendo ameaçadas de fechamento e redução do número de matrículas.
Em uma atitude arbitrária, a Secretaria de Educação – SED determinou o fechamento e, também, redução do número de matrículas para escolas de campo localizadas na Regional de Xanxerê. A decisão está sendo questionada pelo Sinte estadual e regional, que na última segunda (2/12) realizaram um protesto na Coordenação Regional – CRE Xanxerê, explicando o impacto ao fechar escolas na área rural.
As informações divulgadas no Plano de Ofertas Educacionais da CRE Xanxerê é que a E.E.B Neli Ottoni Lange, localizada na Comunidade Maratá no interior de São Domingos será totalmente fechada. Já as E.E.M Paulo Freire, localizada no Assentamento Zé Maria, e a E.E.M Semente da Conquista, localizada no Assentamento 25 de Maio, ambas no interior de Abelardo Luz, terão seu horário de atendimento reduzido para 20 horas cada, com uma turma pela manhã e uma turma a tarde.
A decisão é questionada pela comunidade escolar e pelo sindicato, pois não ouviu a opinião dos pais, estudantes e trabalhadores. E no dia do ato pacífico a comunidade escolar ainda foi recepcionada por um forte aparato policial, demonstrando a falta de diálogo da CRE Xanxerê e do Governo do Estado.
O Sinte/SC refuta os argumentos da SED que tentam justificar o fechamento das escolas, alegando baixo número de estudantes e questões econômicas, bem como parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI. Para o sindicato, o Governo do Estado precisa entender a dinâmica social das comunidades rurais e a influência de uma escola na localidade, além de promover parcerias que garantam o atendimento nas unidades escolares das comunidades.
Para o coordenador do Sinte Regional de Xanxerê, Mário Harres, a decisão é arbitrária e impacta negativamente a trajetória de vida dos estudantes. “A adoção de critérios puramente econômicos para justificar essas mudanças reforça desigualdades estruturais no acesso à escola pública, desconsiderando o campo como espaço legítimo de vida, trabalho e cultura”, destaca Mário.
A Agricultura Familiar é uma das principais cadeias produtivas de Santa Catarina, responsável por 87% dos estabelecimentos rurais do estado, com cerca de 170 mil propriedades. De acordo com o Secretário de Formação do Sinte/SC e especialista em educação no Campo, Aldoir Kraemer, o Governo precisa garantir condições de permanência da juventude no meio rural e essa permanência passa por escolas acessíveis e com qualidade. “Fechar escolas no campo significa retirar condições de vida da juventude e os desmotiva de continuar na sucessão familiar, pois ao levar esse público para a cidade a um processo de aculturamento e que dificilmente esses jovens retornarão para suas propriedades”, explica Aldoir.
Tanto o fechamento como a redução de matrículas para as futuras turmas, estão sendo questionadas pelo sindicato e pela comunidade escolar. Na colocação de Mário Harres, essa imposição ignora o papel central da educação na valorização do campo como espaço de produção, cultura e identidade, enfraquecendo ainda mais as perspectivas de permanência e protagonismo das famílias no meio rural.
Evandro Accadrolli, coordenador do Sinte/SC, ressalta que o sindicato seguirá mobilizado para reverter essa decisão e garantir retorno das atividades das escolas e horário ampliado de atendimento para todas as unidades. “Nossa luta é por nenhuma escola a menos e sem nenhuma redução de vagas, não dá para fechar escola para nossos estudantes, queremos é investimentos e facilidade de acesso à educação pública para toda a população”, destaca Evandro.
Escrito por: Sílvia Medeiros – SC-3912/JP