O/A PROFESSOR/A NÃO ESTÁ EM CASA “FAZENDO BOQUINHA”

Não bastasse o estado de calamidade pelo qual o mundo vem enfrentando na pandemia, com a perda de diversas vidas, dentre elas cerca de 1.500 óbitos só no Estado de Santa Catarina, a Educação Pública vem sendo alvo de uma irresponsável pressão no sentido de um retorno às aulas presenciais.

Com uma fala extremamente agressiva e digna do NOSSO REPÚDIO, o Deputado Estadual Kennedy Nunes (PSD), ataca os/as trabalhadores/as em educação dos CEIs (Centro de Educação Infantil), utilizando Joinville como exemplo, quando insinua que muitos estão atuando de forma clandestina, e que os mesmos estão “em casa, sem perder nada, que não querem voltar a trabalhar e estão fazendo uma boquinha sem precisar trabalhar”. O deputado afirma ainda, que baseado nisso, fica provado que é possível o retorno das aulas presenciais, em plena pandemia da covid-19.

Em que pesem as diversas manifestações acadêmicas, sanitárias e dos órgãos da saúde pública alertando para os riscos do retorno dos estudantes às escolas, recorrentemente surgem figuras ligadas aos Poderes Públicos, com bases e argumentações isoladas da realidade do contágio, defendendo que as escolas devem ser abertas, que crianças e adolescentes sejam expostos ao vírus, sem antes discutir as condições reais das escolas públicas, sejam elas estaduais ou municipais.

Não estamos, aqui, debatendo protocolos de intenções e cuidados, mas sim a estrutura escolar que não comporta absolutamente nenhum item dos protocolos apresentados até aqui. Defender protocolo que levam às atividades presenciais é, literalmente, desconhecer o funcionamento de uma unidade de ensino. É lançar milhares de vidas à mercê do coronavírus (COVID-19), com uma enorme possibilidade de não termos mais que nos preocupar apenas com o número de leitos oferecidos nos hospitais, mas certamente com o número de covas que terão que ser abertas.

Em um recorte nacional, inúmeros Estados do país, em condições sanitárias muito mais estáveis que Santa Catarina, estão circunstancialmente adiando cada vez mais o anúncio de um possível retorno presencial às aulas, com alguns deles já se posicionando pelo calendário remoto até dezembro de 2020.

O SINTE-SC ressalta que a volta às aulas no país coloca em risco não apenas crianças, adolescentes, professores e funcionários de escolas. O retorno também pode representar ameaça de contágio pela covid-19 para outros 9,3 milhões de adultos e idosos, que estarão em contato com esses estudantes na mesma casa.

O alerta é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que divulgou estudo apontando os perigos que o retorno à sala de aula representa, dando conta de que isso pode representar um perigo para 4,4% da população total, que são idosos ou adultos (com 18 anos ou mais) com problemas crônicos de saúde e que pertencem a grupos de risco da covid-19. Isso porque eles vivem na mesma casa que crianças e adolescentes em idade escolar (entre 3 e 17 anos). Vale lembrar, que recentes pesquisas apontam que a grande maioria dos pais são contra o retorno das aulas presenciais.

Portanto, não se trata de situações isoladas desse ou daquele município. Atitudes que levam a uma defesa intransigente de um retorno forçado às aulas presenciais, geralmente, partem de pessoas que não têm familiares ligados ou dependentes da Educação Pública.

O SINTE-SC afirma que os/as professores/as convivem, historicamente, com o desrespeito por parte das políticas públicas com relação as suas condições de trabalho, seus salários arrochados, cargas horárias e demandas desumanas quando comparadas com diversas outras categorias que exigem o mesmo nível de formação no desempenho de suas funções profissionais. ISSO É SECULAR! Agora, no entanto, não basta mais ter que dar tudo de si diante dessa ausência estatal, É PRECISO DAR A VIDA PARA QUE O DISCURSO DE OUTROS SOBREVIVAM

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