Tendo em vista o preocupante número de educadores (as) adoecidos (as), foi realizado o Seminário Estadual Saúde dos (as) Trabalhadores (as) em Educação, dia 30, no Auditório Pedro Bosco do IEE (Instituto Estadual de Educação), em Florianópolis. O evento foi organizado pela a Comissão de Educação da ALESC, que tem como presidente a Deputada Luciane Carminatti, em parceria com o SINTE-SC e Fórum Estadual e Popular de Educação – FEPE.
De acordo com dados da secretaria de educação, por dia, são 25 pedidos de afastamento por doença, estatística preocupante que afeta a educação catarinense. Esses números foram debatidos no evento, que trouxe palestrantes de outros estados, que expuseram pesquisas, experiências, iniciativas e programas que desenvolvem em suas regiões sobre o tema.
No Paraná, o palestrante Ms Professor Luiz Carlos Paixão, dirigente da APP Sindicato e da CNTE, falou sobre o projeto “Saúde na Escola”, desenvolvido em parceria com a UFPR, que realizou pesquisa que apontou que o quadro de adoecimento dos(as) professores (as) e funcionários(as), ou o mal estar docente está ligado a um conjunto de sinais do corpo e da psique, como estresse, ansiedade, depressão e fadiga.
Em estudo realizado com 1.021 professores do ensino público do Paraná, foram encontrados distúrbios psíquicos menores em 75%, depressão em 44% e ansiedade em 70% das pessoas observadas. No que se refere a medicamentos, 65,53% dos professores pesquisados relataram uso, sendo 32,31% deles, drogas psicotrópicas.
Entre motivos que levam ao adoecimento estão a desvalorização do trabalho docente: desrespeito por parte dos alunos, baixos salários, carga de trabalho exaustiva, alto número de alunos por classe e pressão por metas de produtividade. Também o aumento dos contratos temporários e a perda de garantias trabalhistas, falta de preparo durante a formação, dificuldades na relação com alunos e pais, diante das fragilidades da escola, cumprimento de jornadas em diferentes escolas, sobrecarga como preenchimento de relatórios, cálculo de notas e anotações de frequência, a agressividade e a indisciplina dos alunos também constituem questões bastante citadas na gênese do adoecimento dos professores.
A palestrante Ms Elisabete Assunção apresentou o Programa de Atenção à Saúde e Valorização do Professor, que em 10 anos atendeu 56.425, professores e servidores. Uma ação inovadora e pioneira, desenvolvida pelo Governo da Bahia, através da Secretaria da Educação, que tem como objetivo levar ações e serviços voltados para a prevenção e promoção da saúde dos professores da Rede Pública. As ações são desenvolvidas em parceria com as Instituições de Ensino Superior e a Rede Sócio Assistencial do SUS, entre outras instituições e Secretarias do Governo, que servem de apoio e referência.
Elisabete disse que os objetivos do programa são reduzir os riscos no ambiente e organização do trabalho, promover ações para melhoria da qualidade de vida e de bem-estar, biopsicossocial do docente, implementar ações de prevenção e promoção da saúde no ambiente de trabalho, propor e elaborar diretrizes para a construção de uma política pública de atenção à saúde dos profissionais da educação.
A secretária de saúde dos trabalhadores do SINTE-SC Luzia Biancato Alberton destacou a importância do debate, das vivências e experiências relatadas durante o evento e citou a pesquisa de mestrado que está sendo realizada em parceria com o SINTE, para detectar prevalência da síndrome de burnout em professores da educação básica da rede estadual de educação, e outra que será realizada junto ao Centro de Ciências de Saúde da UFSC. “As pesquisas têm o objetivo de mapear as causas de adoecimento dos trabalhadores/as de educação para que possamos traçar as estratégias que melhor venham contribuir para proteção, prevenção na saúde dos profissionais”, ressaltou.
Os encaminhamentos deliberados no seminário estão sendo analisados e informatizados e em breve faremos a divulgação.