Mais um capítulo do descaso com a educação está sendo escrito na EEB Irineu Bornhausen, localizada no bairro Estreito, em Florianópolis. Em 2006 a escola inaugurou a construção de uma piscina semiolímpica, quadras e banheiros, uma obra que custou mais de R$782 milhões, com a promessa de utilização do local em um projeto inovador para uso dos alunos e comunidade. Entretanto, a realidade não foi esta, e desde 2011 o local está sem uso por falta de professores capacitados e de aquecimento da água.
O Diário Catarinense, na edição do dia 07/07, trouxe para sociedade a denúncia que o SINTE/SC vem fazendo há anos, que culminou com o esvaziamento da piscina, comunicado por vizinhos a Vigilância Sanitária, com medo da proliferação do mosquito da dengue, visto a falta de manutenção e sujeira da água.
Em tempos de discussão sobre a educação em tempo integral, meta 6 do PNE- Plano Nacional de Educação que pretende oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da Educação Básica, percebemos que o desperdício neste caso não é somente de recursos públicos, mas pedagógico e social, ainda mais se tratando de uma escola que tinha por objetivo atender uma faixa mais carente da comunidade, inserir os alunos no esporte e na cidadania, realizar atividades extraclasse, algo nunca praticado de fato pelo Estado.
O SINTE vem mostrando as diversas situações pelas quais passam trabalhadores e alunos nesta escola há muito tempo. O esvaziamento da piscina foi a “gota d’água”, de problemas que se arrastam sem solução, como a precária estrutura da escola, onde podemos citar rachaduras nas paredes, goteiras, fiação exposta, salas de aula sem ventilação, cozinha inadequada para a manipulação de alimentos, que foge as normas de higiene e segurança alimentar, falta de refeitório, dificuldades que transformam a escola em um péssimo local de trabalho e estudo.
Além de tudo isso, esbarramos na inércia deste Governo e na burocratização das medidas que devem ser tomadas, pois segundo a reportagem do DC, em outubro de 2013, o Tribunal de Contas do Estado –TCE determinou que a Secretaria de Educação e a Secretaria de Desenvolvimento Regional tomassem providências em relação aos problemas apontados, mas somente em 2015 o Estado encaminhou documentos ao TCE, estes que ainda estão em análise e só após a avaliação será submetido ao Ministério Público.
Até lá a situação permanece a mesma, uma escola cada vez mais precarizada, mais abandonada. Nesta hora nos perguntamos, será que isto tem um propósito? Observamos o crescimento de obras de alto padrão imobiliário no entorno da escola, será que a mesma não se tornará empecilho para os empresários da construção civil, em detrimento da comunidade local, dos trabalhadores que matriculam seus filhos na escola? Infelizmente já vimos este filme, e seu roteiro não é nada agradável para a educação de qualidade, gratuita e para todos que sonhamos e defendemos.
