Escola Estadual em Papanduva continua interditada: saiba mais sobre o caso

A Defesa Civil de Papanduva interditou, por prazo indeterminado, os três pavimentos da ala nova do Colégio Alinor Vieira Corte que ameaça desabar.

A interdição foi baseada em um laudo expedido pelo Engenheiro da AMPLANORTE Aristides Sonáglio e por solicitação da Promotoria Pública. Segundo o documento de interdição expedido pela Defesa Civil, o prédio apresenta rachaduras e fissuras nas paredes e descolamento das cerâmicas do piso.

No dia 05 de junho, o colégio mais antigo e com maior número de alunos na cidade, foi evacuado às pressas depois que aproximadamente 50 chapas do piso superior se romperam. O Corpo de Bombeiros e Defesa Civil estiveram no local e isolaram a escola.

Apenas três horas depois do incidente, três engenheiros, depois de uma rápida vistoria, liberaram o estabelecimento escolar, afirmando que as rachaduras não representavam risco e que foi em decorrência de variações térmicas.

 

Problemas na ampliação da ala nova da escola têm sido relatados desde a inauguração em 2009

 

Segundo um laudo técnico expedido em 21 de Novembro de 2012, não foram encontrados projetos da edificação na secretaria da Escola, Corpo de Bombeiros e Prefeitura Municipal. Na época, a Prefeitura informou que não foram expedidos Alvarás e Habite-se para a construção.

 

O laudo apontava ainda trincas e rachaduras nas paredes e pisos das salas e corredores dos 1º e 2º andares, passando de um ambiente para o outro, indicando que estava havendo a abertura em uma junta em toda a edificação. Rachaduras foram encontradas também nas rampas de acesso. Além disso, infiltrações, goteiras e rachaduras também foram encontradas nas marquises do prédio. Trechos de escadas sem corrimão e saída de emergência contrária ao fluxo de pessoas e com cadeados também foram falhas graves encontradas na perícia.

 

Na sala da biblioteca, onde as placas do piso se soltaram, o perito destacou no laudo que as lajes do piso da biblioteca e sala de informática apresentavam vibração excessiva ao caminhar sobre as mesmas.

 

As janelas do piso superior também representavam riscos: “A janela é instável, apresenta perigo, e pode ocorrer um acidente caso alguma pessoa se apoie na mesma.”, alertou o perito.

 

Pessoas que não quiseram ser identificadas disseram na época que as trincas já existiam no dia da inauguração e que foram colocados sarrafos para disfarçar.

Segundo o engenheiro que realizou a perícia em 2012, havia indícios de que as falhas ocorreram ainda na construção da edificação.

 

Comissão é formada para acompanhar vistorias

Pais, alunos, professores e sociedade em geral, se reuniram em frente ao Colégio com o Secretário de Desenvolvimento Regional Hélio Wendt, com o Engenheiro da SDR Célio Sarmento e Ministério Público, cobrando uma perícia mais rigorosa. Foi formada então uma comissão que irá acompanhar a contratação de uma empresa independente para vistoriar e apresentar um Laudo Técnico mais detalhado e seguro.

 

Ausência de Registro Profissional de Engenheiro preocupa pais

 

O que poderia ser um alívio acabou sendo mais um motivo de preocupação para os pais. Isto porque, no laudo apresentado por dois engenheiros que autoriza a liberação da escola, não consta o CREA de um dos profissionais. Isso gerou muita desconfiança e a notícia se espalhou pelas redes sociais. Usuários levantaram uma pesquisa junto ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e consta que o profissional em questão é habilitado em Eletrotécnica, e que não poderia atuar em Construção Civil.

 

O Secretário Hélio Wendt confirma que o referido engenheiro não é formado na área da Construção Civil. Segundo o secretário, o profissional é mesmo formado em Eletrotécnica, mas apenas representa uma empresa de engenharia.

 

Uma tragédia anunciada?

 

Em 2009, o então vereador Gildo Lisboa, sabendo das falhas que a obra apresentava, solicitou ao Governo do Estado que o Conselho Regional de Engenharia realizasse uma perícia nas obras.

Veja abaixo o requerimento do ex-vereador:

 

Requerimento n°. 079/09

Excelentíssimo Senhor

Ademar Lima

MD. Presidente da Câmara de Vereadores

Nesta

O Vereador que ao presente Subscreve, usando das prerrogativas regimentais, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, REQUERER que seja enviado expediente ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Santa Catarina – CREA-SC, solicitando que o Conselho realize uma inspeção na obra que esta sendo feita na Escola de Educação Básica Alinor Vieira Corte, situado no município de Papanduva (SC) e informem o nome do engenheiro responsável pela referida obra no presente momento. A medida se faz necessária, pois existe receio por parte dos papanduvenses pela obra ser composta de três pavimentos.

Nestes termos

Pede deferimento.

Sala das Sessões, em 13/08/2009

Autor: GILDO LISBOA

 

Pais e alunos se manifestam

 

Confira alguns depoimentos:

R.K Eu me recordo que dias de chuva e vento, a gente sentia mexer e já constavam algumas rachaduras na parede. Mas disseram que não era nada.

 

J.A.E Não tinha 6 meses e já tinha marca pelas paredes.

 

R.G. A ala nova tem mais rachadura que a parte antiga. Faz tempo que tem rachaduras e se alguém pular treme o chão.

 

E. R. de M. Ninguém tem interesse em boicotar aulas, mas estamos exigindo segurança para nossos filhos, afinal, não precisamos de assinaturas em laudo, precisamos de uma avaliação mais apurada, porque acontece algo desse tipo em uma escola com mais de mil alunos e em menos de três horas já é dado a resposta que está tudo bem! As coisas não são tão simples assim. Engraçado que uma obra em construção se não estiver tudo em ordem fica interditada dias até se resolver tudo e a escola já está liberada? Só acho que a vida de nossos filhos não pode ser exposta assim porque infelizmente as pessoas só lamentam depois que acontece algo de pior. Então só acho que devemos evitar o pior e garantir a segurança dos alunos e dos professores.

 

P. S. Já ouvi professores, zeladores e funcionários falando de que estava saindo areia, que balançava, e isso logo após terem construído, com o tempo tudo isso só vai piorar, “vão” ariscar por seus filhos lá?

 

M. R.B. O governo devia mandar arrumar melhor as escolas e não os estádios ,eles deviam garantir melhor a vida de todos os alunos que estudam lá.

L. R. Eu não mando enquanto não tiver certeza que está tudo bem que não tem risco nenhum com eles mais.

 

M. M. Foi uma perícia muito rápida. Eu acho que tanto os pais dos alunos e os professores que também “vão” estar correndo ricos, deveriam exigir um laudo mais detalhado, e enquanto isso suspender as aulas. Eu sei que nossos filhos ficarão atrasados, mas pelo menos estarão a salvos e as aulas, podem repor, mas as vidas não.

 

M. S.I. Acho que nós como pais devemos nos unir e exigir um laudo de outra equipe que não tenha nenhuma ligação com a construção do prédio. Não tenho nada contra esses profissionais, mas não nos sentimos seguros em mandar nossos filhos para lá. Alguma coisa de errado está acontecendo. Antecipem as férias e neste período façam laudos mais precisos, e só assim a segurança de todos está garantida. Não mando meu filho para escola com este laudo. E acho que nenhum aluno ou profissional deve correr o risco de ficar lá nestas condições. A insegurança é muito grande.

 

Fontes: Correio do Contestado e Rádio Comunitária Aliança FM 87,9

 

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