Foi nesta data, no ano de 1695, que foi assassinado Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos eram a resistência ao sistema escravista e representavam uma forma de manutenção da cultura africana. Em 2003 o projeto lei número 10.639, instituía a data de 20 de novembro como o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.
Zumbi dos Palmares representou a luta do povo negro contra a escravidão e simboliza nos dias atuais a luta contra o racismo.
O mesmo racismo que submete aos negros os piores indicadores sociais. De acordo com os dados do DIEESE, no biênio de 2011-212, O mercado de trabalho é ocupado 48,2% por negros. Contudo, independente de sua escolaridade, do setor em que atuam, os negros ganham 36,11% menos do que os não. Observa-se também na pesquisa é que quanto maior o nível de escolaridade e cargo que o negro ocupa maior a desigualdade de salário em relação aos não negros. O mesmo corre no setor de comércio cuja diferença de rendimento é de 19,7% para aqueles que possuem ensino fundamental incompleto e de 39,1% para aqueles que possuem superior completo.
Na construção civil, setor onde predomina a força de trabalho do negro, a diferença de remuneração variou de 15,6% para os que possuíam ensino fundamental incompleto e 24,4% para os que possuíam ensino superior completo. Ainda, segundo pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que 16,2 milhões de brasileiros, 8,5% da população, estão em situação de extrema pobreza, vivendo com renda per capita de até R$ 70,00/mês.
Desse total, 70,8% são afrodescendentes e 50% têm, no máximo, 19 anos de idade, na sua maioria mulheres (IBGE-2010). Negras são as que ganham os piores salários (chegam a receber 50% a menos que homens brancos na mesma função) e encontram-se nos trabalhos mais precarizados e vulneráveis. Dos 7,2 milhões que exerciam trabalho doméstico, em 2009 (IPEA), 93% são mulheres. Dentro deste grupo, 61,6% negras.
As mulheres negras também estão nos serviços públicos, no setor de serviços e na educação pública principalmente nos anos iniciais. E, não é por acaso que os salários desta categoria são os mais baixos, como também o que tem menos tem direito. As mulheres e jovens negras também são a maioria nos estágios temporários, telemarketings e empresas terceirizadas, mas são as que menos estão presentes dentro das salas de aula das universidades públicas.
A presença das mulheres negras em postos de trabalho menos especializados, subempregos sem carteira assinada e nas terceirizações, expressa as desigualdades raciais presentes na sociedade brasileira, abismo que se aprofunda ainda mais quando combinados com os efeitos do machismo e da exploração.
Lamentavelmente, ainda persiste o extermínio da população negra; a criminalização do povo da periferia; as remoções causadas pelos “megaeventos” como a Copa de 2014 e Olimpíadas em 2016; a perseguição às lideranças comunitárias, quilombolas, camponesas, ambientalistas e indígenas; o aumento da repressão aos que lutam; a precariedade dos serviços públicos básicos como educação, saúde, moradia e mobilidade social. Em contrapartida a todo esse quadro de calamidade, os governos têm gastos exorbitantes com a Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 e multiplicam os investimentos nessas obras que passaram de 1, 5 bilhões de reais para fabulosos 45 bilhões de reais.
Diferentemente do que tenta a burguesia brasileira, mostrar o Brasil como um paraíso racial, os números mostram o contrário. Por isso, ainda há muito que fazer. No X CONGRESSO DO SNTE/SC estaremos debatendo e elaborando políticas de combate ao machismo, à homofobia e fundamentalmente contra o racismo. Convidamos você a fazer parte deste debate.
Viva Zumbi! Viva Dandara! Viva Maria Felipa! Viva Acotirene! Viva Mahin!
Viva para todos e todas que honraram a herança dos Palmarinos.
Salve a luta do povo negro até a sociedade sem racismo!