As organizações do histórico Movimento Negro no Brasil e das Mulheres expressaram o resultado da suas concepções estratégicas de continuidade das lutas seculares, ou seja, a luta pela liberdade.
As incontáveis histórias de enfrentamento à escravidão e de tudo que dela decorre, como o assentamento do capitalismo nacional que se sustenta da invenção de um modelo de exploração, com base viabilizada, pela subordinação e hierarquização étnica/racial das populações negras e indígenas, constitui a nossa realidade política e social, que desenha a desigualdade de oportunidades.
As ferramentas ideológicas que auxiliam a manutenção desse modelo, que não chamamos de exclusão, pois ele nunca incluiu, essas populações anteriormente citadas. Mas entendemos como um modelo de permanente não- inclusão.
Porém, cabe destacar o contraponto histórico representado pelos governos do Partido dos Trabalhadores, onde demonstrou-se, objetivamente, que incluir é possível. E isso alertou a burguesia nacional, bem como seus sócios institucionais, em todas as estruturas do Estado brasileiro, em suas várias instâncias.
Esta constatação fez rearranjar as forças do subterrâneo golpista, que do Brasil nunca se despediu e, que sorrateiramente, muitos dos seus agentes e estruturas, continuam entre nós.
No processo de REDEMOCRATIZAÇÃO, iniciado em 1985, percebia-se um latente desconforto e inconformismo das forças reacionárias, que usufruíram do período ditatorial militar, com seus sócios civis.
O processo constituinte de 1988, construiu a perspectiva da CIDADANIA PARA A SOCIEDADE, nela continha as questões de raça, classe, gênero, direitos trabalhistas, que feria de morte, as premissas da liturgia da exploração capitalista no Brasil.
Cabe observar que a maior dessas premissas constitucionais, em grande parte, jamais foram colocadas em prática para a maior parte da sociedade, isto significa dizer: negras, negros, indígenas e mulheres. Estes e estas são os brasileiros e brasileiras que garantem os lucros do capitalismo brasileiro. E quando falamos de inclusão, falamos dessas pessoas.
Mais adiante com a chegada do Governo Lula, desde o início estava dado a predisposição para o assanhamento do golpe. Fato que se materializou no Governo Dilma, com a farsa das pedaladas fiscais, justificativa para o IMPEACHMENT. Simultaneamente, orquestrou-se a condenação do ex-Presidente Lula para impedir a sua candidatura à Presidência da República em 2018. Numa grande articulação entre setores do judiciário, policiais, legislativo, grande imprensa e empresários.
Naquele momento asseguraram uma vitória social, política e econômica. Pelos legislativos, consolidaram Reformas Trabalhistas e Previdenciária, que roubaram Direitos Constitucionais da Classe Trabalhadora, obtidos na Constituição de 1988.
Numa visão geral, o desmonte promovido pelos governos de Temer e Bolsonaro, junto ao serviço público, atingiram as parcelas da sociedade que mais fazem uso das estruturas da União, Estados e Municípios que são os/as trabalhadoras negros, negras, indígenas e demais trabalhadoras de outras etnias. A equação se resume em RETIRAR DIREITOS DOS TRABALHADORES/AS PARA AUMENTAR LUCROS DO EMPRESARIADO E PAGAR AS DÍVIDAS PUBLICAS PARA OS BANCOS.
Neste sentido, a importância das eleições nacionais assumiram um valor estratégico para a Burguesia. Era necessário " …manter os pobres fora do orçamento público da União…" para sobrar mais dinheiro. Este processo de violações de direitos, instalados desde 2016, cumprindo um planejamento de sucessivos golpes, chegou-se a máxima expressão da torpeza política e ideológica, trazendo à luz o Integralismo e o nazismo dos esgotos do imaginário brasileiro: sexismo, racismo, homofobia, xenofobia, guerras santas, configuraram o cenário o processo eleitoral.
Essas eleições foram as mais corruptas, com compras declaradas à luz do dia, com apoios institucionais e tolerâncias da imprensa comercial.
Entretanto, as forças democráticas forjadas por séculos (negros/as, mulheres, indígenas e parte da classe trabalhadora), constituiu uma barreira capaz de conter o fascismo nacional e, sua máquina instalada no Brasil desde 1920, associada à tradição do domínio escravagista do SEC. XVI se fez uma trincheira de vanguarda nacional, inspirado nas tradições da República de Palmares.
A tradição da República de Palmares somadas à todas as Revoltas Quilombolas durante a Escravidão no Brasil.
Cada um é cada uma mulher e homem negro/a que denunciou a opressão racista; que não aceitou a compra de votos; que negou voto a Bolsonaro: somos as barricadas; somos as trincheiras para a edificação da nova civilização nacional, com base no humanismo, justiça para conformar a Cidadania.
Portanto, neste 20 de novembro, mais uma vez enaltecemos a importância do acontecimento de 1695, há 327 anos, na morte em combate de Zumbi de Palmares, que habita nossas mentes e corações, que move sentimentos mais ardorosos por liberdade e igualdade.
Zumbi, Dandara caminham com Lula por isso os fascistas, nazistas e integralistas não nos vencerão, não passarão.
Como cantou Jorge Bem, de forma premonitória : " …quando Zumbi chegar o que vai acontecer…Zumbi é o Senhor das Guerras; é o Senhor das demandas…"